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Mitos sobre a mediunidade
Por Alexandre Cumino
A Umbanda não possui dogmas, mitos e nem tabus, tudo
deve ser explicado de forma clara. Mas ainda é possível ouvir disparates sobre
Umbanda e sua mediunidade, dentro e fora dos terreiros de Umbanda. Desenvolver
sua mediunidade não vai resolver todos os seus problemas. Todos temos problemas
e dificuldades a serem vencidas. Querer desenvolver a mediunidade para que os
seus problemas se resolvam é trocar o efeito pela causa, pois a razão maior
para se desenvolver deve ser a vontade de aprender a lidar com o dom e se
tornar um ser humano melhor, e o efeito, ou resultado, é que, tornando-se uma
pessoa melhor, a vida melhora. Isto quer dizer que você muda por dentro e sua
vida muda também, mas muitos não querem se dar ao trabalho de mudar a si
mesmos, de se lapidarem, de crescer, evoluir e vencer seus vícios e
dificuldades e, ainda assim, querem que a vida mude, simplesmente porque estão
desenvolvendo sua mediunidade.
Todos encarnam para resolver problemas e
dificuldades, o que quer dizer que todos encarnam para aprender algo nesta
vida. Seu esforço em tornar-se alguém melhor cria o que se chama de
merecimento, que vai ao encontro de suas necessidades, na medida em que você
cresce com as dificuldades. Muitas vezes, os médiuns querem que a Umbanda
retire de suas vidas justamente as dificuldades que ali estão para fazê-lo
crescer dentro do sentido da vida e do campo de atuação em que têm necessidade.
Tanto é verdade que, na maioria das vezes, foi o próprio médium que, com suas
limitações e dificuldades internas, criou para si mesmo as dificuldades que
está passando na vida. Dificuldades externas são um reflexo das dificuldades
internas. Não adianta querer que um guia espiritual lhe arrume um amor perfeito
e ideal, se você não é uma pessoa perfeita e ideal, cada um atrai para sua vida
algo que lhe tem afinidade e correspondência. Antes de querer um amor perfeito
é preciso vencer as carências, inseguranças e não projetar seus medos e vícios
comportamentais no outro. Amor perfeito é um amor livre, que não prende o outro,
é o amor de quem ama mais a felicidade e a liberdade do outro do que seus
próprios apegos e paixão. Não adianta querer que os espíritos ou os Orixás lhe
arrumem o melhor emprego que há, se você não se preparou para isso ou se não
sabe conviver com as pessoas com quem trabalha. Não adianta reclamar das
pessoas de seu convívio, de seus familiares ou de um superior a você em seu
ambiente de trabalho, antes, é preciso aprender a conviver com as pessoas e
crescer com elas e suas dificuldades. Lembre-se, os defeitos que vemos nos
outros são os mesmos que nós carregamos, e o que mais nos incomoda é exatamente
o que tentamos esconder em nós mesmos. Ao desenvolver sua mediunidade em um
terreiro, você não fica preso para sempre neste terreiro e, da mesma forma, não
fica preso na Umbanda. Frequentar a Umbanda e desenvolver sua mediunidade não é
um caminho sem volta, como dizem algumas pessoas mal informadas e ignorantes.
Frequentar a Umbanda e desenvolver sua mediunidade é algo que faz parte de seu
livre arbítrio, se este não for o seu caminho, você tem toda a liberdade de
escolher um outro caminho. Ninguém pode lhe podar de seu livre arbítrio, de sua
liberdade, que quem lhe deu foi Deus e é tão sagrado que nem Deus lhe tira.
Dizem que: “se você desenvolver sua mediunidade na Umbanda, não terá mais paz
na sua vida e que terá que servir os guias para sempre”, “se não desenvolver
sua mediunidade, sua vida não vai para frente”, “se abandonar o terreiro, seus
guias vão ficar presos”, “se entrar para a Umbanda, terá que fazer um pacto” e
etc.
Existe um fato: você tem mediunidade de incorporação
e portanto é muito sensitivo. Isto não é um castigo, nem um fardo ou carma
negativo. Esta mediunidade é simplesmente um dom que você deve conhecer e
aprender a lidar com ele. Ter um dom e não saber o que fazer com ele, isto sim
pode atrapalhar nossa vida, como sentir coisas, mediunicamente falando, e não
saber o que fazer com isso. O que está muito distante das afirmações
anteriores. Sem culpa, sem medo, sem pressão e sem traumas, faça sua escolha:
aprenda a trabalhar este dom na Umbanda ou aprenda a lidar com este dom de uma
outra forma. Uma vez desenvolvida a mediunidade, você não é escravo dela,
simplesmente porque tem hora e local para realizar suas atividades mediúnicas.
Você deve aprender a lidar com o que sente e ter as rédeas deste dom em suas
mãos.
Também pode acontecer de entrar em um grupo
despreparado para cuidar de sua mediunidade. Aquele terreiro, médium ou guia
que cuida de sua mediunidade deve saber o que está fazendo e ter: experiência,
maturidade, clareza e verdade. Exatamente por isso é que é importante passar
por uma educação mediúnica e não apenas aprender a incorporar espíritos.
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