Zé
Pelintra, malandro ou marginal?
Por
MARCEL OLIVEIRA - Extraído do livro “Zé Pelintra – A Revelação”
Esta
é uma questão fundamental para entendermos de uma vez por todas o mistério de
Sr Zé Pelintra. Se você procurar a palavra Pelintra no dicionário, lá estará:
“Pelintra: s.m. e s.f. Pessoa
pobre e mal trajada, com pretensão a exibir-se e desejo de ostentação. Adj. Mal
trajado e pretensioso. Bras. Adamado; bem trajado.” Fonte: dicionário online
português
Esta
definição é uma definição literal e ajuda a confundir a cabeça de todas as
pessoas que tentam entender Zé Pelintra ao pé da letra. Um mistério, uma
falange de Umbanda, que é fundamentada e sustentada por mistérios divinos,
nunca deve ser interpretada racionalmente no que diz respeito ao nosso racional
frio e pseudo intelectual. O nome Pelintra, que no dicionário quer dizer uma
coisa, no simbolismo sagrado é outra completamente diferente. Pessoa pobre e
mal trajada… para nós, o preconceito com a classe menos favorecida é latente.
Desde
do início da raça humana, creio eu, os menos afortunados são tidos como
inferiores e mal trapilhos, como a ralé onde apenas por serem simples de posses
e vestimentas são tidos como inferiores diante do abastado e poderoso revestido
de seda e puro linho.
Seo
Zé Pelintra, enquanto mestre de jurema, sempre foi de vestimenta simples,
porém, ostentava seu tesouro desde o início, a alegria e a versatilidade em
seus trabalhos, onde tinha condições de transitar em todos os níveis
vibratórios para ajudar a quem o procurava.
Por
isso, lá na Jurema, era conhecido como malandro, porque era amigo de todos e
para ele nunca existiu e nem existirá portas fechadas, seja na fumaça da
esquerda ou na fumaça da direita. Malandro este que, quando migrou para as
macumbas cariocas (sua passagem definitiva marca a Umbanda), logo foi revestido
da vestimenta do antigo malandro, chique, garboso, ostentador, porém, sempre
simples e muito trabalhador como sempre.
Zé
Pelintra é um mistério que quebra todo e qualquer preconceito ou a maioria
deles, ele é simples e, ao mesmo tempo, muito complexo e, por isso, muitas
vezes fica difícil entender por completo este guia que hoje é amado por
milhares de umbandistas em todo o mundo.
Sua
figura principal é a de um senhor de meia idade, mulato ou negro, que usa um
terno branco, gravata vermelha e chapéu com fita vermelha, acompanhado por um
sapato bicolor vermelho e branco com camisa também branca. Ele está longe de
ser um marginal, mas representa todos os que se sentem marginalizados por
preconceitos, sejam eles de que origem for, pois seu próprio nome já é repleto
de simbolismo acerca deste seu trabalho, o de recuperar a autoestima, ajudar os
que mais necessitam e, acima de tudo, resgatar espíritos encarnados ou não da
marginalidade que muitas vezes são colocados por uma sociedade moralista,
preconceituosa e inflexível com quem não se adapta de alguma forma com seus
mandamentos de viver como um robô pré-programado, onde apenas se obedece e
nunca se escuta a própria natureza.
Zé
Pelintra veio para nossa religião que, por natureza, é uma religião plural e
destruidora de tabus e preconceitos para mostrar que bom é aquele que confia em
si, levanta a cabeça e caminha. Talvez, por isso, que Sr. Zé é Pelintra, para
provar que mesmo aos olhos dos moralistas e preconceituosos de plantão, ele
pode se vestir como malandro, ser boêmio e dançarino, sorrir e curtir a vida e,
mesmo assim, ter a Luz que muitos tentam alcançar através de atos que para eles
significam pureza, mas que não alcançam, porque não têm uma coisa que Sr. Zé
ensina a todos: que Deus é alegria, satisfação e vida!
De
que adianta vestir batas e ostentar jejuns, se pelo coração e pela boca só sai
julgamentos e ódios por todos os que não seguem suas doutrinas?
Sr.
Zé vem todo paramentado e cada parte de seu paramento tem um simbolismo e
um significado. Mas espero que fique
claro que a malandragem de Sr. Zé é Divina, e a marginalidade que insistem em
falar a que Sr. Zé pertence está no coração de quem não entende os mistérios de
Deus e, por ignorância, refutam o diferente e o inovador, seja na
espiritualidade ou na vida de uma maneira geral.
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