Na Umbanda cultuamos
Olorum, o nosso Divino Criador e suas Divindades Sagradas, os Orixás, mentores
divinos. Os Sagrados Orixás são mistérios da natureza e senhores regentes da
criação, por meio do Setenário Sagrado, Coroa Divina que rege nosso planeta,
formado por essências ou manifestações sublimes de Deus. Os Sete Tronos
Divinos, ou Setenário Sagrado da Umbanda, dão sustentação à vida, por meio de
sete qualidades divinas que originam os sete elementos formadores principais,
de onde retiramos tudo que necessitamos para viver e evoluir: o cristalino, o
mineral, o vegetal, o fogo, o ar, a terra e a água. "Deus fornece o solo
(terra), a umidade (água), o calor (fogo), o oxigênio (ar), a fertilidade
(minerais), as sementes (vegetais) e os processos genéticos (cristais). (Rubens Saraceni, As Sete Linhas de Umbanda -
Madras Editora). Essas sete essências fundamentam as sete linhas de
Umbanda, originam os sete sentidos da vida e explicam as qualidades, atributos
e atribuições das divindades que as regem: Fé, Amor, Conhecimento, Justiça,
Ordem, Evolução e Geração. Os rituais de Umbanda, nas suas sete linhas,
realizam-se em nossos templos, que respeitamos como santuários sagrados, e na
natureza, que também deve ser respeitada, amada e preservada por todos nós,
umbandistas ou não, como santuário sagrado, pois ela expressa as forças puras,
que são as manifestações dos mistérios de nosso Divino Criador, Nosso Pai
Olorum.
"Nossas limitações não nos permitem entender,
contemplar e abarçar Deus em toda sua magnitude. Apenas podemos percebê-lo
através de uma pequena parte de Sua obra Divina, partindo de nós mesmos como
ponto inicial e irmos expandindo nossos parcos limites. Se olharmos com atenção
e amor o mundo à nossa volta, as belezas naturais de nosso planeta Terra,
com certeza estaremos contemplando nosso Divino Criador. Deus está em todos os
lugares e as manifestações da natureza são formas de manifestações divinas. A
natureza é a individualização da parte feminina de Deus, é a repetição
localizada da natureza cósmica de Deus, um ventre gerador de vida." (Lurdes de Campos Vieira, A Umbanda e o Tao
- Madras Editora.)
A Terra, nossa
morada, é única e divina e foi criada para servir de base para o
desenvolvimento do nosso livre-arbítrio, dos nossos valores morais, do nosso
conhecimento, do nosso caráter e da nossa evolução.
Os Sagrados Orixás,
ou Tronos de Deus, são os senhores regentes das forças da natureza e estão à
nossa disposição, assentados nos pontos de força ou vórtices energéticos, de
onde dão a sustentação necessária aos seres que vivem sob sua regência divina.
Os Pontos de Força da Natureza são locais de características energéticas
especiais, onde as energias e magnetismos são mais puros e facilitam o contato
com o outro lado da vida. Esses santuários naturais são vórtices
eletromagnéticos, pontos de força celestiais magníficos, para oferendarmos e
evocarmos os Orixás e os guias que nos dão sustentação nos trabalhos
espirituais. São locais irradiadores e captadores de energias oriundas de
outras dimensões, em interação com elas, de onde recebem energias de padrões
vibratórios subatômicos sutis. São santuários saturados com energias e
magnetismos das divindades e, sempre que possível, devemos visitá-los e, neles,
realizar o culto aos Orixás, pois nos beneficiaremos ao absorver suas energias.
A Umbanda é uma
religião fundamentada na natureza. Nossos ancestrais há milênios, tinham a
consciência de que dependiam dela para retirar o alimento, a água, as
vestes e outros elementos. Praticavam rituais de culto às forças da natureza,
não depredavam e havia equilíbrio entre as populações e o meio que as supria.
Mentes doentias, há muito atuando no planeta, suprimiram esses cultos e rituais
com o uso da força. Sem que se leve em conta a nossa dependência e o fato
de que a ganância está depredando a maior fonte viva de conhecimentos sobre o
Divino Criador, a natureza vem sendo desprezada e destruída com uma
avidez cada vez maior.
Estamos diante de
questões fundamentais, como:
· O problema da
legitimidade da exploração e do esgotamento dos recursos naturais.
· O quadro de
degradação ambiental que, de tão grande, já ameaça a própria continuidade da
vida em nosso planeta.
· A carência de
informações técnicas que permitam a nós, cidadãos comuns, argumentar em prol da
preservação, sem romantismos e pieguices.
· A urgência na
formação de uma consciência nacional sobre a questão do meio-ambiente e a
reflexão sobre possíveis soluções.
· Como participar dos
movimentos políticos e das ações institucionais concretas, já existentes.
Lembramos que os
Orixás estão assentados na Natureza e que não existe Umbanda sem
Orixás. A preservação dos pontos de força da natureza é fundamental para
a humanidade, pois “sua destruição trará,
como conseqüência, a esterilização do nosso planeta. Cultuar os orixás na
natureza nada mais é do que reconhecer o lugar onde a Árvore da Vida dá os seus
melhores e mais saborosos frutos." (Rubens Saraceni, Umbanda
Sagrada.)
O Ritual de Umbanda,
com sua lógica natural e sua simplicidade de culto às forças da natureza, vem
atuando e deve atuar na contra-mão da exploração e da depredação do
meio-ambiente, numa tentativa de reverter esse processo de destruição da vida
planetária, realizando a harmonização dos seres com o Divino Criador. A
expansão horizontal do culto à natureza, do respeito e da consciência de sua
importância, poderá ajudar muito a reequilibrar o planeta. "Orixá é mistério da natureza, aberto a
todos e não 'pertence' a ninguém no plano material. Orixás são mistérios
divinos por excelência, e quem tentar afastá-los da natureza, afastado dela será."
(Rubens Saraceni, As Sete Linhas de Umbanda- Cristális Editora).
Extraído do livro A UMBANDA E O TAO, de
Lurdes de Campos Vieira - Madras Editora. O texto foi elaborado conforme os
livros "Umbanda Sagrada", "As Sete Linhas de Umbanda" e
"Orixás - Teogonia de Umbanda", todos de autoria de Mestre Rubens
Saraceni, editados pela Madras Editora.
* Lurdes de Campos Vieira é
Geógrafa, Pós-graduada pela Universidade de São Paulo, e dirigente
do Templo de Umbanda Sagrada Sete Luzes Divinas.
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