O fenômeno de transporte consiste no transporte espontâneo de objetos
para o lugar onde estão os observadores. São quase sempre flores, não raro
frutos, confeitos, jóias, etc.
Metafanismo - Consiste no aparecimento ou desaparecimento
de objectos, vegetais, animais e até de pessoas. Verifica-se o
"transporte" de objectos, de um lugar para outro, sem que se
verifique o percurso físico entre os dois lugares.
Psicocinesia,
telecinesia ou telequinésia -
Capacidade de movimentar objectos, sem qualquer causa física aparente. Neste
caso os objectos percorrem um percurso, sem que aja um agente físico a promover
a sua locomoção.
Médiuns de transporte podem servir de
auxiliares aos Espíritos para o transporte de objetos materiais. Variedade dos
médiuns motores e de translações. Excepcionais.
Digamos, antes de tudo, que este fenômeno é dos que melhor se prestam à
imitação e que, por conseguinte, devemos estar de sobreaviso contra o embuste.
Sabe-se até onde pode ir a arte da prestidigitação, em se tratando de
experiências deste gênero. Porém, mesmo
sem que tenhamos de nos haver com um verdadeiro prestidigitador, poderemos ser
facilmente enganados por uma malia hábil e interessada. A melhor de todas as
garantias se encontra no caráter, na honestidade notória, no absoluto
desinteresse das pessoas que obtêm tais efeitos. Vem depois, como meio de
resguardo, o exame atento de todas as circunstâncias em que os fatos se
produzem; e, finalmente, o conhecimento esclarecido do Espiritismo poderá
descobrir o que fosse suspeito.
O fenômeno de transporte apresenta uma particularidade notável, e é que
alguns médiuns só o obtém em estado sonambúlico, o que facilmente se explica.
Há no sonâmbulo um desprendimento natural, uma espécie de isolamento do Espírito
e do perispírito, que deve facilitar a combinação dos fluidos necessários. Tal
o caso dos transportes de que temos sido testemunha.
Isto se prende à natureza do médium. Podem ser produzidos igualmente com
outro médium em estado de vigília.
As perguntas que se seguem foram dirigidas ao Espírito que os operara,
mas as respostas se ressentem por vezes da deficiência dos seus conhecimentos.
Submetemo-las ao Espírito própria comparação dessas inteligências um estudo
instrutivo, porquanto prova que não basta ser Espírito para tudo saber.
13ª - Como trazes o objeto? Será segurando-o com as mãos?
Resposta: "Não; envolvo-o em
mim mesmo”.
NOTA
DE ERASTO: A resposta não explica
de modo claro a operação. Ele não envolve o objeto com a sua própria personalidade;
mas, como o seu fluido pessoal é dilatável, combina uma parte desse fluido com
o fluido animalizado do médium e é nesta combinação que oculta e transporta o
objeto que escolheu para transportar. Ele, pois, não exprime com justeza o
fato, dizendo que envolve em si o objeto.
14ª - Trazes com a mesma facilidade um objeto de peso considerável, de
50 quilos por exemplo?
Resposta: "O
peso nada é para nós. Trazemos flores, porque agrada mais do que um volume
pesado".
NOTA
DE ERASTO: É exato. Pode trazer objetos de cem ou duzentos quilos, por
isso que a gravidade, existente para vós, é anulada para os Espíritos. Mas,
ainda aqui, ele não percebe bem o que se passa. A massa dos fluidos combinados
é proporcional à dos objetos. A força deve estar em proporção com a
resistência; donde se segue que, se o Espírito apenas traz uma flor ou um
objeto leve, é muitas vezes porque não encontra no médium, ou em si mesmo, os
elementos necessários para um esforço mais considerável.
17ª - Entre os objetos que os Espíritos
costumam trazer, não haverá alguns que eles próprios possam fabricar, isto é,
produzi-los espontaneamente pelas modificações que os Espíritos possam operar
no fluido, ou no elemento universal?
(Ver: Partículas de Higgs)
Resposta: "Por
mim, não, que não tenho permissão para isso. Só um Espírito elevado o pode
fazer”.
18ª - Como conseguiste outro dia introduzir aqueles objetos, estando
fechado no aposento?
Resposta: “Fi-los
entrar comigo, envoltos, por assim dizer, na minha substância. Nada mais posso
dizer, por não ser explicável o fato."
19ª - Como fizeste para tornar visíveis estes objetos que, um momento
antes, eram invisíveis?
Resposta: "Tirei
a matéria que os envolvia”.
NOTA
DE ERASTO: O que os envolve não é
matéria propriamente dita, mas um fluido tirado, metade, do perispírito do
médium e, metade, do Espírito que opera.
20ª - Pergunta feita ao espírito Erasto: Pode um objeto ser trazido a um
lugar inteiramente fechado? Pode o Espírito
espiritualizar um objeto material, de maneira que se torne capaz de penetrar a
matéria?
Resposta: “É
complexa esta questão. O Espírito pode tornar invisíveis, porém, não
penetráveis, os objetos que ele transporte; não pode quebrar a agregação da matéria,
porque seria a destruição do objeto. Tornando este invisível, o Espírito o pode
transportar quando queira e não o libertar senão no momento oportuno, para
fazê-lo aparecer”.
De modo diverso se passam as coisas, com relação aos que compomos. Como
nestes só introduzimos os elementos da matéria, como esses elementos são
essencialmente penetráveis e, ainda, como nós mesmos penetramos e atravessamos
os corpos mais condensados, com a mesma facilidade com que os raios solares
atravessam uma placa de vidro, podemos perfeitamente dizer que introduzimos o
objeto num lugar que esteja hermeticamente fechado, mas isso somente neste
caso. (Ver: Aparência material)
Evocamos, na sessão da Sociedade de 1° de março, conjuntamente com o
Espírito da senhora Catherine, que se manifestara em Orléans, e eis a conversa
que se seguiu:
P
- Um objeto feito pelo espírito poderia ter estabilidade, e se tornar um objeto
usual? Se um Espírito me fizesse uma tabaqueira, por exemplo, poderia dela me
servir?
R - Poderia tê-la se o Espírito o quisesse, mas
poderia também não ser senão para a visão e se desvanecer ao cabo de algumas
horas.
P
- (À senhora Catherine.) Uma vez que o anel que transportastes para a vossa
filha fora enterrado convosco, como o obtivestes?
R - Eu o retirei da terra e transportei para a
minha filha.
Revista
Espírita, maio de 1861
...Um risonho companheiro do plano espiritual tomou pequena porção das
forças materializantes do médium sobre as mãos e afastou-se para trazer, daí a
instantes, algumas flores que foram distribuídas com os irmãos encarnados, no
intuito de sossegar-lhes a mente excitadiça.
É o transporte comum, realizado com reduzida cooperação das energias medianímicas.
Nosso amigo do plano espiritual apenas tomou diminuta quantidade de força
ectoplásmica, formando somente pequeninas cristalizações superficiais do
polegar e do indicador, em ambas as mãos, a fim de colher as flores e trazê-las
até nós.
É importante observar a facilidade com que a energia ectoplásmica
atravessa a matéria densa, porque o amigo do plano espiritual, usando-a nos
dedos, não encontrou qualquer obstáculo na transposição da parede. O elemento
sob nossa vista é extremamente sutil e, aderindo ao modo de ser dos espíritos,
adquire renovada feição dinâmica. (Ver:
Ectoplasma)
Se fosse o médium o objeto do transporte, também, traspassaria a
barreira nas mesmas circunstâncias, desde que esteja mantido sob controle das
entidades do plano espiritual, intimamente associado às suas forças, porque
dispõem de técnicos bastante competentes para desmaterializar os elementos
físicos e reconstitui-los de imediato, cônscios da responsabilidade que assumem.
As flores transpuseram o tapume de alvenaria, penetrando aqui com
semelhante auxílio. De idêntica maneira, caso encontrássemos utilidade num
lance dessa natureza, o instrumento que nos serve de base ao trabalho - as
flores - poderia ser removido para o exterior com a mesma facilidade.
As cidadelas atômicas, em qualquer construção da forma física, não são
fortalezas maciças. O espaço persiste em todas as formações e, através dele, os
elementos se interpenetram. Chegará o
dia em que a ciência dos homens poderá reintegrar as unidades e as constituições
atômicas, com a segurança dentro da qual vai aprendendo a desintegrá-las.
[28a
- página 269] - André Luiz - 1954
Materialização do polegar e do indicador, a
fim de colher as flores?
Análise de Johan Carl Friedrich Zöllner a
respeito dos fenômenos de transporte:
As observações de fatos ficam experimentalmente em contradição com o
dogma da imutabilidade da quantidade da matéria no nosso mundo de três
dimensões. O dogma da constância da substância não pode tirar sua existência
dogmática da experiência, mas somente dos princípios da nossa razão, as
inerentes na ideia, exatamente como na lei a priori da causalidade, isto é,
antes de toda a prova, as quais impõem à nossa razão a tarefa de libertar o
nosso entendimento de tal contradição entre os fatos observados e os princípios
da nossa razão.
Já demonstrei minuciosamente no primeiro volume das minhas obras com que
facilidade se pode resolver este problema, pela aceitação da quarta dimensão do
espaço. A mesa, que durante seis minutos desapareceu, deve no entanto ter
existido em algum lugar e a quantidade de substância que a compõe deve, de
acordo com o citado princípio da razão, ter-se conservado sempre a mesma. Se a
palavra “onde?” apenas designa um lugar e tendo sido empiricamente demonstrado
que esse lugar não pode estar situado na região do espaço de três dimensões,
perceptível para nós, segue-se que necessariamente até agora a resposta à
pergunta “onde?” se tornou uma resposta incompleta e por conseguinte incapaz e
necessitada de ampliação. E também como por esse meio a concepção da justa
posição se desenvolve pelo recurso da quarta dimensão do espaço absoluto, o que
por mim já foi minuciosamente demonstrado.
Também no meu tratado Da Ação a Distância, vol. I, pág. 269, demonstro
que o “axioma da conservação da energia” mantém todo o seu valor para o espaço
de quatro dimensões. Em outro lugar disse:
“Se observar
a distância de dois átomos e a intensidade da sua interação no nosso espaço de
três dimensões, como projeções de magnitudes similares de um espaço de quatro
dimensões, uma mudança se operará na magnitude, forma e desenvolvimento da
força cinética da projeção de três dimensões (o corpo material), simplesmente
pela mudança das posições relativas do objeto de quatro dimensões sem que as
suas propriedades sofram mudança alguma. O axioma da conservação constante de
uma quantidade de energia conserva assim pleno valor para o espaço de quatro
dimensões. Ainda mais, considerando-se melhor, é a base em que descansa a
concepção do espaço para as ocorrências físicas.”
Às considerações desenvolvidas no princípio deste tratado com referência
à atual ou ideal base do espaço, posso ajuntar as seguintes palavras de Riemann:
"O assunto dos postulados de
Geometria em relação ao infinitamente pequeno está em conexão com o princípio
íntimo das relações das massas no espaço. Neste assunto que bem se pode dizer
pertence ainda à doutrina do espaço, a observação acima tem a seguinte
aplicação: Numa discreta diversidade, o princípio das relações da matéria já se
acha compreendido na concepção da diversidade, ao passo que numa diversidade
contínua este princípio lhe deve vir de fora.
Desse modo, ou a realidade das leis
segundo o espaço deve formar uma discreta diversidade ou o princípio das
relações da matéria deve ser procurado, investigado fora dela em forças
combinadas, atuando sobre ela. A decisão desse assunto só pode ser resolvida
transcendendo a até agora concepção empírica do fenômeno, cujo princípio Newton
estabeleceu gradualmente, modificando-o por fatos que a mesma lei não pode
explicar. Investigações que, como a presente, ultrapassam a concepção
ordinária, “concorrem para o progresso dessas ideias que de outro modo ficariam
paralisadas devido às prevenções das tradições e assim impediriam o
conhecimento da conexão das coisas. Isso leva-nos a terrenos de uma outra
ciência, a Física, que a natureza do nosso assunto não nos permite investigar.”
As palavras de Riemann provam
incontestavelmente que ele, como um dos esclarecidos fundadores da teoria da
concepção do espaço ampliado, reconhecia como indispensável a aceitação do
elemento físico deduzido de fatos observados.(*)
(*) A concepção da solidez ou rigidez
recentemente introduzida é outra expressão para significar outra face do
problema físico. Não obstante, a concepção geométrica de solidez pode ser
definida como a imutabilidade dos pontos de um sistema de pontos; conquanto
isso, a introdução que abrange esta concepção só provém da experiência do mesmo
modo que a concepção do movimento. Vide Helmholtz: Sobre a Origem e a
Significação dos Axiomas Geométricos (Popular Scientific Essays, Nov, 3, 1876).
Do mesmo modo Wilhelm Fiedher: Geometria e Geomecânica no Fourth Yearly of
Natural Philosophy at Zurich, vol. do 21º ano, mesmo número: Acerca da
Simetria, por Fiedler, nº 2, pág. 186 e seguinte.
[112
- páginas 89/91] - Zöllner (1834 - 1882)
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