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"A caridade ensinada melhora os ouvidos. A caridade praticada aprimora os corações". Emmanuel

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Transporte


      O fenômeno de transporte consiste no transporte espontâneo de objetos para o lugar onde estão os observadores. São quase sempre flores, não raro frutos, confeitos, jóias, etc.
  
 Metafanismo - Consiste no aparecimento ou desaparecimento de objectos, vegetais, animais e até de pessoas. Verifica-se o "transporte" de objectos, de um lugar para outro, sem que se verifique o percurso físico entre os dois lugares.

Psicocinesia, telecinesia ou telequinésia - Capacidade de movimentar objectos, sem qualquer causa física aparente. Neste caso os objectos percorrem um percurso, sem que aja um agente físico a promover a sua locomoção.

Médiuns de transporte podem servir de auxiliares aos Espíritos para o transporte de objetos materiais. Variedade dos médiuns motores e de translações. Excepcionais.
        Digamos, antes de tudo, que este fenômeno é dos que melhor se prestam à imitação e que, por conseguinte, devemos estar de sobreaviso contra o embuste. Sabe-se até onde pode ir a arte da prestidigitação, em se tratando de experiências deste gênero.  Porém, mesmo sem que tenhamos de nos haver com um verdadeiro prestidigitador, poderemos ser facilmente enganados por uma malia hábil e interessada. A melhor de todas as garantias se encontra no caráter, na honestidade notória, no absoluto desinteresse das pessoas que obtêm tais efeitos. Vem depois, como meio de resguardo, o exame atento de todas as circunstâncias em que os fatos se produzem; e, finalmente, o conhecimento esclarecido do Espiritismo poderá descobrir o que fosse suspeito.

        O fenômeno de transporte apresenta uma particularidade notável, e é que alguns médiuns só o obtém em estado sonambúlico, o que facilmente se explica. Há no sonâmbulo um desprendimento natural, uma espécie de isolamento do Espírito e do perispírito, que deve facilitar a combinação dos fluidos necessários. Tal o caso dos transportes de que temos sido testemunha.

        Isto se prende à natureza do médium. Podem ser produzidos igualmente com outro médium em estado de vigília.

        As perguntas que se seguem foram dirigidas ao Espírito que os operara, mas as respostas se ressentem por vezes da deficiência dos seus conhecimentos. Submetemo-las ao Espírito própria comparação dessas inteligências um estudo instrutivo, porquanto prova que não basta ser Espírito para tudo saber.

    13ª - Como trazes o objeto? Será segurando-o com as mãos?
 
  Resposta: "Não; envolvo-o em mim mesmo”.

    NOTA DE ERASTO: A resposta não explica de modo claro a operação. Ele não envolve o objeto com a sua própria personalidade; mas, como o seu fluido pessoal é dilatável, combina uma parte desse fluido com o fluido animalizado do médium e é nesta combinação que oculta e transporta o objeto que escolheu para transportar. Ele, pois, não exprime com justeza o fato, dizendo que envolve em si o objeto.

    14ª - Trazes com a mesma facilidade um objeto de peso considerável, de 50 quilos por exemplo?
  
 Resposta: "O peso nada é para nós. Trazemos flores, porque agrada mais do que um volume pesado".

    NOTA DE ERASTO: É exato. Pode trazer objetos de cem ou duzentos quilos, por isso que a gravidade, existente para vós, é anulada para os Espíritos. Mas, ainda aqui, ele não percebe bem o que se passa. A massa dos fluidos combinados é proporcional à dos objetos. A força deve estar em proporção com a resistência; donde se segue que, se o Espírito apenas traz uma flor ou um objeto leve, é muitas vezes porque não encontra no médium, ou em si mesmo, os elementos necessários para um esforço mais considerável.
    17ª - Entre os objetos que os Espíritos costumam trazer, não haverá alguns que eles próprios possam fabricar, isto é, produzi-los espontaneamente pelas modificações que os Espíritos possam operar no fluido, ou no elemento universal?  (Ver: Partículas de Higgs)
  
 Resposta: "Por mim, não, que não tenho permissão para isso. Só um Espírito elevado o pode fazer”.

    18ª - Como conseguiste outro dia introduzir aqueles objetos, estando fechado no aposento?
  
 Resposta: “Fi-los entrar comigo, envoltos, por assim dizer, na minha substância. Nada mais posso dizer, por não ser explicável o fato."

    19ª - Como fizeste para tornar visíveis estes objetos que, um momento antes, eram invisíveis?
  
 Resposta: "Tirei a matéria que os envolvia”.

    NOTA DE ERASTO: O que os envolve não é matéria propriamente dita, mas um fluido tirado, metade, do perispírito do médium e, metade, do Espírito que opera.

    20ª - Pergunta feita ao espírito Erasto: Pode um objeto ser trazido a um lugar inteiramente fechado?  Pode o Espírito espiritualizar um objeto material, de maneira que se torne capaz de penetrar a matéria?
  
 Resposta: “É complexa esta questão. O Espírito pode tornar invisíveis, porém, não penetráveis, os objetos que ele transporte; não pode quebrar a agregação da matéria, porque seria a destruição do objeto. Tornando este invisível, o Espírito o pode transportar quando queira e não o libertar senão no momento oportuno, para fazê-lo aparecer”.

        De modo diverso se passam as coisas, com relação aos que compomos. Como nestes só introduzimos os elementos da matéria, como esses elementos são essencialmente penetráveis e, ainda, como nós mesmos penetramos e atravessamos os corpos mais condensados, com a mesma facilidade com que os raios solares atravessam uma placa de vidro, podemos perfeitamente dizer que introduzimos o objeto num lugar que esteja hermeticamente fechado, mas isso somente neste caso. (Ver: Aparência material)

        Evocamos, na sessão da Sociedade de 1° de março, conjuntamente com o Espírito da senhora Catherine, que se manifestara em Orléans, e eis a conversa que se seguiu:

    P - Um objeto feito pelo espírito poderia ter estabilidade, e se tornar um objeto usual? Se um Espírito me fizesse uma tabaqueira, por exemplo, poderia dela me servir?
  
 R - Poderia tê-la se o Espírito o quisesse, mas poderia também não ser senão para a visão e se desvanecer ao cabo de algumas horas.

    P - (À senhora Catherine.) Uma vez que o anel que transportastes para a vossa filha fora enterrado convosco, como o obtivestes?
  
 R - Eu o retirei da terra e transportei para a minha filha.

Revista Espírita, maio de 1861

         ...Um risonho companheiro do plano espiritual tomou pequena porção das forças materializantes do médium sobre as mãos e afastou-se para trazer, daí a instantes, algumas flores que foram distribuídas com os irmãos encarnados, no intuito de sossegar-lhes a mente excitadiça. 

        É o transporte comum, realizado com reduzida cooperação das energias medianímicas. Nosso amigo do plano espiritual apenas tomou diminuta quantidade de força ectoplásmica, formando somente pequeninas cristalizações superficiais do polegar e do indicador, em ambas as mãos, a fim de colher as flores e trazê-las até nós. 

        É importante observar a facilidade com que a energia ectoplásmica atravessa a matéria densa, porque o amigo do plano espiritual, usando-a nos dedos, não encontrou qualquer obstáculo na transposição da parede. O elemento sob nossa vista é extremamente sutil e, aderindo ao modo de ser dos espíritos, adquire renovada feição dinâmica.  (Ver: Ectoplasma)

        Se fosse o médium o objeto do transporte, também, traspassaria a barreira nas mesmas circunstâncias, desde que esteja mantido sob controle das entidades do plano espiritual, intimamente associado às suas forças, porque dispõem de técnicos bastante competentes para desmaterializar os elementos físicos e reconstitui-los de imediato, cônscios da responsabilidade que assumem.

        As flores transpuseram o tapume de alvenaria, penetrando aqui com semelhante auxílio. De idêntica maneira, caso encontrássemos utilidade num lance dessa natureza, o instrumento que nos serve de base ao trabalho - as flores - poderia ser removido para o exterior com a mesma facilidade.

        As cidadelas atômicas, em qualquer construção da forma física, não são fortalezas maciças. O espaço persiste em todas as formações e, através dele, os elementos se interpenetram.  Chegará o dia em que a ciência dos homens poderá reintegrar as unidades e as constituições atômicas, com a segurança dentro da qual vai aprendendo a desintegrá-las.

[28a - página 269] - André Luiz - 1954

Materialização do polegar e do indicador, a fim de colher as flores?

Análise de Johan Carl Friedrich Zöllner a respeito dos fenômenos de transporte:

       As observações de fatos ficam experimentalmente em contradição com o dogma da imutabilidade da quantidade da matéria no nosso mundo de três dimensões. O dogma da constância da substância não pode tirar sua existência dogmática da experiência, mas somente dos princípios da nossa razão, as inerentes na ideia, exatamente como na lei a priori da causalidade, isto é, antes de toda a prova, as quais impõem à nossa razão a tarefa de libertar o nosso entendimento de tal contradição entre os fatos observados e os princípios da nossa razão.
        Já demonstrei minuciosamente no primeiro volume das minhas obras com que facilidade se pode resolver este problema, pela aceitação da quarta dimensão do espaço. A mesa, que durante seis minutos desapareceu, deve no entanto ter existido em algum lugar e a quantidade de substância que a compõe deve, de acordo com o citado princípio da razão, ter-se conservado sempre a mesma. Se a palavra “onde?” apenas designa um lugar e tendo sido empiricamente demonstrado que esse lugar não pode estar situado na região do espaço de três dimensões, perceptível para nós, segue-se que necessariamente até agora a resposta à pergunta “onde?” se tornou uma resposta incompleta e por conseguinte incapaz e necessitada de ampliação. E também como por esse meio a concepção da justa posição se desenvolve pelo recurso da quarta dimensão do espaço absoluto, o que por mim já foi minuciosamente demonstrado.
        Também no meu tratado Da Ação a Distância, vol. I, pág. 269, demonstro que o “axioma da conservação da energia” mantém todo o seu valor para o espaço de quatro dimensões. Em outro lugar disse:

    “Se observar a distância de dois átomos e a intensidade da sua interação no nosso espaço de três dimensões, como projeções de magnitudes similares de um espaço de quatro dimensões, uma mudança se operará na magnitude, forma e desenvolvimento da força cinética da projeção de três dimensões (o corpo material), simplesmente pela mudança das posições relativas do objeto de quatro dimensões sem que as suas propriedades sofram mudança alguma. O axioma da conservação constante de uma quantidade de energia conserva assim pleno valor para o espaço de quatro dimensões. Ainda mais, considerando-se melhor, é a base em que descansa a concepção do espaço para as ocorrências físicas.”

        Às considerações desenvolvidas no princípio deste tratado com referência à atual ou ideal base do espaço, posso ajuntar as seguintes palavras de Riemann:

            "O assunto dos postulados de Geometria em relação ao infinitamente pequeno está em conexão com o princípio íntimo das relações das massas no espaço. Neste assunto que bem se pode dizer pertence ainda à doutrina do espaço, a observação acima tem a seguinte aplicação: Numa discreta diversidade, o princípio das relações da matéria já se acha compreendido na concepção da diversidade, ao passo que numa diversidade contínua este princípio lhe deve vir de fora.
            Desse modo, ou a realidade das leis segundo o espaço deve formar uma discreta diversidade ou o princípio das relações da matéria deve ser procurado, investigado fora dela em forças combinadas, atuando sobre ela. A decisão desse assunto só pode ser resolvida transcendendo a até agora concepção empírica do fenômeno, cujo princípio Newton estabeleceu gradualmente, modificando-o por fatos que a mesma lei não pode explicar. Investigações que, como a presente, ultrapassam a concepção ordinária, “concorrem para o progresso dessas ideias que de outro modo ficariam paralisadas devido às prevenções das tradições e assim impediriam o conhecimento da conexão das coisas. Isso leva-nos a terrenos de uma outra ciência, a Física, que a natureza do nosso assunto não nos permite investigar.”

        As palavras de Riemann provam incontestavelmente que ele, como um dos esclarecidos fundadores da teoria da concepção do espaço ampliado, reconhecia como indispensável a aceitação do elemento físico deduzido de fatos observados.(*)

(*) A concepção da solidez ou rigidez recentemente introduzida é outra expressão para significar outra face do problema físico. Não obstante, a concepção geométrica de solidez pode ser definida como a imutabilidade dos pontos de um sistema de pontos; conquanto isso, a introdução que abrange esta concepção só provém da experiência do mesmo modo que a concepção do movimento. Vide Helmholtz: Sobre a Origem e a Significação dos Axiomas Geométricos (Popular Scientific Essays, Nov, 3, 1876). Do mesmo modo Wilhelm Fiedher: Geometria e Geomecânica no Fourth Yearly of Natural Philosophy at Zurich, vol. do 21º ano, mesmo número: Acerca da Simetria, por Fiedler, nº 2, pág. 186 e seguinte.

[112 - páginas 89/91] - Zöllner (1834 - 1882)

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