Processo Desencarnatório
“Disse-lhe Nicodemos: Como
pode nascer um homem já velho? Pode tornar a entrar no ventre de sua mãe, para
nascer segunda vez? Retorquiu-lhe Jesus: Em verdade, em verdade, digo-te: Se um
homem nâo renasce da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus”
(João, 3:4-5).
COMO
OCORRE A SEPARAÇÃO DA ALMA E DO CORPO?
Processo desencarnatório“Morte física e
desencarne não ocorrem simultaneamente. O indivíduo morre quando o coração
deixa de funcionar. O Espírito desencarna quando se completa o desligamento, o
que demanda algumas horas ou alguns dias.” (R. Simonetti, Quem tem medo da
morte, p. 44).
“Como
se opera a separação da alma e do corpo?
Rompidos
os laços que a retinham, ela se liberta.
A
separação se opera instantaneamente e por uma transição brusca? Há uma linha de
demarcação bem nítida entre a vida e a morte?
Não,
a alma se liberta gradualmente e não se escapa como um pássaro cativo que ganha
subitamente a liberdade. Esses dois estados se tocam e se confundem; assim o
Espírito se libera pouco a pouco de seus laços: os laços se desatam, não se
quebram.
[...] A observação prova que no instante da
morte o desligamento do perispírito não se completa subitamente; ele não opera
senão gradualmente e com uma lentidão que varia muito segundo os indivíduos.
Para alguns ele é muito rápido, e pode-se dizer que o momento da morte é aquele
do desligamento, algumas horas após. Para outros, aqueles sobretudo, cuja vida
foi toda material e sensual, o desligamento é muito menos rápido e dura,
algumas vezes, dias, semanas e mesmo meses, o que não implica existir no corpo
a menor vitalidade nem a possibilidade de um retorno à vida, mas uma simples
afinidade entre o corpo e o Espírito, afinidade que está sempre em razão da
preponderância que, durante a vida, o Espírito deu à matéria. Com efeito, é
racional conceber que quanto mais o Espírito se identifica com a matéria, mais
ele sofre ao se separar dela. Ao passo que a atividade intelectual e moral, a
elevação dos pensamentos, operam um começo de libertação mesmo durante a vida
do corpo e, quando chega a morte, ela é quase instantânea.” (Allan Kardec, O
livro do espíritos, 158. ed., perg. 155 e 155 a).
Quando
o desligamento se completa?
“O fluido perispiritual só pouco a pouco se
desprende de todos os órgãos, de sorte que a separação só é completa e absoluta
quando não mais reste um átomo do perispírito ligado a uma molécula do corpo.”
(Allan Kardec, O céu e o inferno, cap. 1, II parte, item 4).
SOFRIMENTO
APÓS A MORTE
“Se após a cessação completa da vida orgânica
existirem ainda numerosos pontos de contacto entre o corpo e o perispírito, a
alma poderá ressentir-se dos efeitos da decomposição do corpo, até que o laço
inteiramente se desfaça.
Daí resulta que o sofrimento, que acompanha a
morte, está subordinado à força adesiva que une o corpo ao perispírito; que
tudo o que puder atenuar essa força, e acelerar a rapidez do desprendimento,
torna a passagem menos penosa; e, finalmente, que, se o desprendimento se
operar sem dificuldade, a alma deixará de experimentar qualquer sentimento
desagradável.” (Allan Kardec, O céu e o inferno, 26. ed., cap. 1, II parte,
item 5 p.168).
O
DESENCARNE DO HOMEM DE BEM
A
importância do valor moral
“A
causa principal da maior ou menor facilidade de desprendimento é o estado moral
da alma. A afinidade entre o corpo e o perispírito é proporcional ao apego à
matéria, que atinge o seu máximo no homem cujas preocupações dizem respeito
exclusiva e unicamente à vida e gozos materiais.” (Allan Kardec, O céu e o inferno, 26. ed.,
cap. 1, II parte, item 8 p. 169).
“Assim considerando, em muitos casos, para
morrer e logo desencarnar e libertar-se é, necessário ter merecimento.
Como cada homem tem a vida de que precisa, na
Terra, para crescer e ser feliz, cada qual tem a morte a que faz jus em razão
dos atos praticados.
Nesta proposta - morrer e desencarnar, termos
da mesma equação da vida -, o homem de bem opta pela conduta de libertação,
graças à qual, tão logo ocorra a interrupção da vida orgânica, ele se desprende
dos despojos físicos e de suas implicações escravocratas, ensejando-se-lhe a
libertação real, no retorno feliz ao lar que o aguarda após a experiência
evolutiva ora concluída.” (Manoel P. Miranda, Temas da vida e da morte, 4. ed.,
p. 80 - 81).
Depoimento
“Ignoro o que experimentam os outros na
travessia do grande ribeiro que separa o mundo espiritual do mundo terreno; a
minha experiência se resume num despertar maravilhoso que, ainda agora, me
enche de extática alegria. Não temais a morte; não há o que temer; todas as
penas, todas as dores, tudo o que há de feio na grande crise, pertence ao seu
lado físico; do outro lado, há o amor – o Divino Amor – combinado com a glória
inexprimível do despertar espiritual. Quando despertei, vi-me cercada pela
assembléia de todos os que eu amara na Terra.” (Ernesto Bozzano, A crise da
morte, 9. ed., p.125).
O
AMPARO DOS BENFEITORES ESPIRITUAIS
“Observadas as necessidades de
especialização, como ocorre em qualquer atividade humana, há técnicos que se
aproximam do desencarnante, promovendo, com recursos magnéticos, sua liberação.
Somente indivíduos muito evoluídos, com grande desenvolvimento mental e
espiritual prescindem desse concurso. Isso significa que sempre contaremos com
ajuda especializada na grande transição, a par da presença de amigos e
familiares que nos antecederam.
Naturalmente, o apoio maior ou menor da
Espiritualidade está subordinado aos méritos do desencarnante. Se virtuoso e
digno merecerá atenção especial e tão logo seja consumada a desencarnação será
conduzido a instituições assistenciais que favorecerão sua readaptação à Vida
Espiritual. Já os que se comprometeram com o vício e o crime, despreocupados da
disciplina e do discernimento, serão desligados no momento oportuno, mas
permanecerão entregues à própria sorte, estagiando por tempo indeterminado no
Umbral, faixa escura que circunda a Terra, formada pelas vibrações mentais de
multidões de Espíritos encarnados e desencarnados dominados, ainda, por
impulsos primitivos de animalidade.” (Richard Simonetti, Quem tem medo da
morte?, 4. ed., p. 22 - 23).
Depoimentos
“Os Espíritos me informaram de que iam
ajudar-me, com seus conselhos, para me facilitarem a ruptura dos filamentos
luminosos que ainda me ligavam ao corpo. Segui-lhes, com efeito, os conselhos:
tratei de pôr-me em absoluta calma de espírito; vi então desaparecerem os
filamentos luminosos. Radical mudança se produziu lentamente em mim. A nuvenzinha
aljofrada, de que me via cercada, tomou gradativamente uma forma. Compreendi
que se tratava do meu corpo espiritual, que assumia gradualmente uma forma
humana.” (Ernesto Bozzano, A crise da morte, 9. ed., p. 118).
PROCESSO
DESENCARNATÓRIO
“O processo da morte física e do renascimento
espiritual é muito interessante e mesmo belo. Normalmente, a partir do instante
em que começa a cessação das funções corporais –processus que pode durar longo
tempo – os sofrimentos físicos e as ansiedades do Espírito cessam e lê passa
gradualmente a condições de inconsciência absoluta. Porém, uma vez transposta a
crise da morte, opera-se o pleno despertar da consciência; o morto renasce
então para uma existência nova e começa logo a exercitar a sua atividade em o
novo meio. Sempre acontece que, providencialmente, o Espírito desencarnado não
se apercebe de que morre; às vezes, quando nota muito depressa, fica
terrivelmente transtornado, especialmente se a morte cortou laços afetivos
muito fortes...Mas, não chega ao mundo espiritual como um desamparado; quase
nunca fica entregue a si mesmo: todos os Espíritos, quase sem exceção, quando
saem da crise da morte, são acolhidos pelos guias melhor indicados para os
reconfortar, aconselhar e assistir... .” (Ernesto Bozzano, A crise da morte, 9.
ed., p. 44).
A
libertação do Espírito – fase inicial
“A crise da morte é, fundamentalmente, a
mesma para todos; contudo, no caso de um soldado que morre de maneira quase
fulminante, as coisas diferem um pouco, porém não muito. Quando chegou o
instante fatal, o ‘corpo etéreo’, que penetra o ‘corpo carnal’, começa
gradualmente a se libertar deste último, à medida que a vitalidade o vai
abandonando... Quem ainda não viu uma borboleta emergir da sua crisálida? Pois
bem! o processo é análogo... Desde que o ‘corpo etéreo’ se haja libertado do ‘corpo
carnal’, outros Espíritos intervêm para auxiliar o recém-desencarnado. Trata-se
de um nascimento, em tudo análogo ao de uma criança no meio terrestre, o que
faz que o Espírito recém-nascido tenha necessidade de auxílio.”(Ernesto
Bozzano, A crise da morte, 9. ed., p. 64).
O
desligamento final
“Da mesma forma que o processo
reencarnacionista se alonga desde a concepção até os primeiros momentos da
adolescência, num complexo assenhoreamento das células que se submetem aos
moldes do corpo de plasma biológico, a liberação da clausura exige um período
de adaptação à realidade de retorno, dependendo, de certo modo, dos
condicionamentos impostos pelo uso das funções fisiopsicológicas que geram
amarras fortes ou diluem-nas na sucessão do tempo, em face do teor vibratório
que se revestem as aspirações vividas ou acalentadas.
A ruptura dos vínculos de manutenção do
Espírito ao corpo é somente um passo inicial na demorada proposta da
desencarnação.
[...] A mente responde, portanto, por vasta
quota de responsabilidade no fenômeno da morte física.
Conforme a experiência corporal, assim se
fará o desligamento espiritual.
Nesse transe, para o qual todos os homens se
devem preparar, através de exercícios de renúncia e desapego, torna-se
imprescindível o conhecimento da vida espiritual, que esta, atraente, dando curso
a quaisquer empreendimentos que, por acaso, fiquem interrompidos...
[... ] A libertação, todavia, depende de cada
criatura que experimenta o acidente fisiológico que lhe interrompe, o ciclo,
propiciando a tranqüilidade ou o demorado sofrimento que carpirá.
Partindo-se da experiência espírita que
elucida o fenômeno da morte, ressuma a filosofia comportamental que se alicerça
na moral cristã, lavrada no amor a Deus e ao próximo, a expressar a vivência da
caridade sob toda as modalidades e em cuja prática o Espírito evolve,
progredindo sem cessar no rumo da plenitude.” (Manoel P. Miranda, Temas da vida
e da morte, p. 89, 90, 92).
Depoimentos
“Como sucede a um bem grande número de
humanos, meu espírito não chegou muito facilmente a se libertar do corpo. Eu
sentia que me desprendia gradualmente dos laços orgânicos,mas me encontrava em
condições pouco lúcidas de existência, afigurando-se-me que sonhava. Sentia a
minha personalidade como que dividida em muitas partes,que,todavia, permaneciam
ligadas por um laço indissolúvel. Quando o organismo corpóreo deixou de
funcionar, pôde o espírito despojar-se dele inteiramente. Pareceu-me então que
as partes destacadas da minha personalidade se reuniam numa só. Senti-me, ao
mesmo tempo, levantado acima do meu cadáver, a pequena distância dele, donde eu
divisava distintamente as pessoas que me cercavam o corpo. Não saberia dizer
por que poder cheguei a me desprender e a me elevar no ar.” (Ernesto Bozzano, A
crise da morte, 9. ed., p. 27).
EXPERIÊNCIAS
DESENCARNATÓRIAS
Caso
1: O desencarne de Dimas
Livro: Obreiros da vida eterna, cap 13, 21.
ed., Feb.
Autor: André Luiz / Chico Xavier
Dimas: Colaborador de trabalhos espíritas,
médium assíduo aos trabalhos, sempre a serviço dos necessitados e sofredores.
Tinha pouco mais de 50 anos de idade.
Benfeitores: Jerônimo, Hipólito, Luciana e
André Luiz.
Local: Residência de Dimas, pequena cidade do
interior
Dimas
“Acostumado, desde a infância, à luta sem
mimos, desenvolveu o corpo, entre deveres e abnegações incessantes. Desfavorecido
de qualquer vantagem material no princípio, conheceu ásperas obrigações para
ganhar a intimidade com as leituras mais simples. Entregue ao serviço rude, no
verdor da mocidade, constituiu a família, pingando suor no sacrifício diário.
Passou a vida em submissão a regulamentos, conquistando a subsistência com
enorme despesa de energia. Mesmo assim, encontrou recursos para dedicar-se aos
que gemem e sofrem nos planos mais baixos que o dele. Recebendo a mediunidade,
colocou-a a serviço do bem coletivo. Conviveu com os desalentados e aflitos de
toda sorte. E porque seu espírito sensível encontrava prazer em ser útil e em
razão dos necessitados guardarem raramente a noção do equilíbrio, sua
existência converteu-se em refúgio de enfermos do corpo e da alma.” (p. 200
-201).
Situação
atual
“[...] o moribundo se encontrava em dolorosas
condições. Plenamente desorganizado, o fígado começava definitivamente a
paralisar suas funções. O estômago, o pâncreas e o duodeno apresentavam
anomalias estranhas. Os rins pareciam praticamente mortos. Os glomérulos
prendiam-se aos ramos arteriais como pequeninos botões arroxeados; os tubos
coletores, enrijecidos, prenunciavam o fim do corpo. Sintomas de gangrena
pesavam em toda a atmosfera orgânica.
O que mais impressionava, porém, era a
movimentação da fauna microscópica. Corpúsculos das mais variadas espécies
nadavam nos líquidos acumulados no ventre, concentrando-se particularmente no
ângulo hepático, como a buscarem alguma coisa, com avidez, nas vizinhanças da
vesícula.
O coração trabalhava com dificuldade. Enfim,
o enfraquecimento atingira o auge.” ( p.205).
O
amparo familiar
“Oh! providência maravilhosa do Céu!
Convertera-se o coração do moribundo em foco radioso e a porta de acesso deu
entrada a venerável anciã, coroada de luz semelhando neve luminosa. Ela se
aproximou de Jerônimo e informou, após desejar-nos a paz divina:
- Sou a mãe dele...
Em breves instantes, tínhamos, perante os
olhos inolvidável quadro afetivo. Sentara-se a velhinha no leito, depondo a
cabeça do moribundo no regaço
acolhedor, afagando-a com as mãos
cariciosas.” (p.209).
A
operação espiritual do desligamento
“Dimas, experimentando indefinível bem-estar
no regaço materno,parecia esquecer, agora, todas as mágoas , sentindo-se
amparado como Criança semi - inconsciente, quase feliz. Ordenou Jerônimo que me
conservasse vigilante, de mãos coladas à fronte do enfermo, passando, logo
após, ao serviço complexo e silencioso de magnetização. Em primeiro lugar,
insensibilizou inteiramente o vago, para facilitar o desligamento nas vísceras.
A seguir, utilizando passes longitudinais, isolou todo o sistema nervoso
simpático, neutralizando, mais tarde, fibras inibidoras no cérebro.” (p. 209).
O
desprendimento do espírito
“Aconselhando-me cautela na ministração de
energias magnéticas à mente do moribundo, começou a operar sobre o plexo solar,
desatando laços que localizavam forças físicas. Com espanto, notei que certa
porção de substância leitosa extravasava do umbigo, pairando em torno. Esticaram·se
os membros inferiores, com sintomas de esfriamento.” (p. 210).
A
resistência do corpo contra a partida da alma
“Mas antes que os familiares entrassem em
cena, Jerônimo, com passes concentrados sobre o tórax, relaxou os elos que
mantinham a coesão celular no centro emotivo, operando sobre determinado ponto
do coração, que passou a funcionar como bomba mecânica, desreguladamente. Nova
cota de substância desprendia-se do corpo, do epigastro à garganta, mas reparei
que todos os músculos trabalhavam fortemente contra a partida da alma,
opondo-se à libertação das forças motrizes, em esforço desesperado, ocasionando
angustiosa aflição ao paciente. O campo físico oferecia-nos resistência,
insistindo pela retenção do senhor espiritual.” (p. 211).
A
última etapa
“O Assistente estabeleceu reduzido tempo de
descanso, mas volveu a intervir no cérebro. Era a última etapa. Concentrando
todo o seu potencial de energia na fossa romboidal, Jerônimo quebrou alguma
coisa que não pude perceber com minúcias, e brilhante chama violeta-dourada
desligou-se da região craniana, absorvendo, instantaneamente, a vasta porção de
substância leitosa já exteriorizada.” (p. 211).
O
ressurgimento de Dimas
“A chama mencionada transformou-se em
maravilhosa cabeça, em tudo idêntica à do nosso amigo em desencarnação,
constituindo-se, após ela, todo o corpo perispiritual de Dimas, membro a
membro, traço a traço. E, à medida que o novo organismo ressurgia ao nosso
olhar, a luz violeta-dourada, fulgurante no cérebro, empalidecia gradualmente,
até desaparecer, de todo, como se representasse o conjunto dos princípios
superiores da personalidade, momentâneamente recolhidos a um único ponto,
espraiando-se, em seguida, através de todos os escaninhos do organismo
perispirítico, assegurando, desse modo, a coesão dos diferentes átomos, das
novas dimensões vibratórias.
Dimas-desencarnado elevou-se alguns palmos
acima de Dimas cadáver, apenas ligado ao corpo através de leve cordão prateado,
semelhante a sutil elástico, entre o cérebro de matéria densa, abandonado, e o
cérebro de matéria rarefeita do organismo liberto.” (p. 212).
A
permanência do cordão fluídico
“Para os nossos amigos encarnados, Dimas
morrera, inteiramente. Para nós outros, porém, a operação era ainda incompleta.
O Assistente deliberou que o cordão fluídico deveria permanecer até ao dia
imediato, considerando as necessidades do “morto”, ainda imperfeitamente
preparado para desenlace mais rápido.” (p. 212).
O
desligamento final
“Jerônimo examinou-o e auscultou-o, como
clínico experimentado. Em seguida, cortou o liame final, verificando-se que
Dimas, desencarnado, fazia agora o esforço do convalescente ao despertar,
estremunhado, findo longo sono.” (p. 226).
O
despertar final
“Em compensação, Dimas-livre, Dimas-espírito,
despertava. Amparado pela genitora, abriu os olhos, fixou-os em derredor, num
impulso de criança alarmada e chamou a esposa, aflitivamente. Dormira em
excesso, mas alcançara sensível melhora. Sentia a casa cheia de gente e
desejava saber alguma coisa a respeito. A mãezinha, porém, afagando-o
brandamente, acalmou-o, esclarecendo:
- Ouça, Dimas: A porta pela qual você se
comunicava com o plano carnal somático, cerrou-se com seus olhos físicos. Tenha
serenidade, confiança, porque a existência, no corpo físico, terminou.” (p.
227).
Caso
2: Desencarne de Fábio –
Exemplo cristão
Livro: Obreiros da vida eterna , cap. 16, 21.
ed., Feb. Autor: André Luiz
Orientador: Jerônimo
Assistente: André Luiz
Local: Residência de Fábio – bairro pobre
Situação
física de Fábio
“Quando na carne, freqüentes vezes
surpreendi-me com a saúde frágil de Fábio, em criança. Desde
cedo, notei-lhe a virtude inata, o pendor para a retidão e para a justiça, a
disposições congênitas para os trabalhos da fé viva. Passei longas noites na
justa preocupação de pai, em vista do porvir incerto. Como poderia nascer alma
tão sensível e formosa, como a dele, em vaso tão imperfeito? A doze anos, foi
atacado de pneumonia dupla, que quase o arrebatou de nosso convívio. Clínico
amigo chamou-me a atenção para a debilidade do rapazinho. Éramos, no entanto,
demasiadamente pobres para tentar tratamentos caros em estâncias de repouso.
Antes dos catorze anos, terminado o curso das letras primária, conduzi-o ao
serviço pela exigência imperiosa do ganha-pão.
[...] Segregando-se na oficina de mecânica,
em ambiente pesado demais para a sua constituição física, ele não o tolerou por
muito tempo, contraindo com facilidade a tuberculose pulmonar.” (p. 245).
Fábio
“Tivera existência modesta; limitara o vôo
das ambições mais nobres, no culto da espiritualidade redentora; esforçara-se
suficientemente pela tranqüilidade familiar; fora acicatado por dificuldades
sem conta, no transcurso da experiência que terminava; deixava a esposa e dois
filhinhos amparados na fé viva, e, embora não lhes legasse facilidades
econômicas, afastava-se do corpo físico, jubiloso e confortado, com a glória de
haver aproveitado todos os recursos que a esfera superior lhe havia concedido.
Além de haver-se afeiçoado profundamente ao Evangelho do Cristo, vivendo-lhe os
princípios renovadores, com todas as possibilidades ao seu alcance, Fábio
conseguira iluminar a mente da companheira construir bases sólidas no espírito
dos filhinhos, orientando-os para o futuro.” (p. 243).
O
desligamento e o amparo espiritual
“Enquanto Silveira amparava o filho, com
inexcedível carinho, Jerônimo aplicou ao enfermo passes anestesiantes. Fábio
sentiu-se bafejado por deliciosas sensações de repouso. Em seguida, o Assistente
deteve-se em complicada operação magnética sobre os órgãos vitais da respiração
e observei a ruptura de importante vaso. O paciente tossiu e, num átimo , o
sangue fluiu-lhe à boca aos borbotões.”
Dona Mercedes levantou-se, assustada, mas o
esposo, falando dificilmente tranquilizou-a:
- Pode chamar o médico... entretanto,
Mercedes... não se preocupe... é justamente o fim...” (p.253).
“- Reparei que Jerônimo repetia o processo de
libertação praticado em Dimas, mas com espantosa facilidade. Depois da ação
desenvolvida sobre o plexo solar, o coração e o cérebro, desatado o nó vital,
Fábio fora completamente afastado do corpo físico. Por fim, brilhava o cordão
fluídico-prateado, com formosa luz. Amparado pelo genitor, o recém-liberto
descansava, sonolento, sem consciência exata da situação.
Supus que o caso de Dimas se repetiria, ali,
minudência por minudência porém, uma hora depois da desencarnação, Jerônimo
cortou o apêndice luminoso.” (p. 254).
VIDA
NO PLANO ESPIRITUAL
“Deixando o corpo, a alma volve ao mundo dos
Espíritos, donde saíra, para passar por nova existência material, após um lapso
de tempo mais ou menos longo, durante o qual permanece em estado de Espírito
errante.
Tendo o Espírito que passar por muitas
encarnações, segue-se que todos nós temos tido muitas existências e que teremos
ainda outras, mais ou menos aperfeiçoadas, quer na Terra, quer em outros
mundos.
A encarnação dos Espíritos se dá sempre na
espécie humana; seria erro acreditar-se que a alma ou Espírito possa encarnar
no corpo de um animal.
As diferentes existências corpóreas do
Espírito são sempre progressivas e nunca regressivas; mas, a rapidez do seu
progresso depende dos esforços que faça para chegar à perfeição.
As qualidades da alma são as do Espírito que
está encarnado em nós; assim, o homem de bem é a encarnação de um bom Espírito,
o homem perverso a de um Espírito impuro.
A alma possuía sua individualidade antes de
encarnar; conserva-a depois de se haver separado do corpo.
Na sua volta ao mundo dos Espíritos, encontra
ela todos aqueles que conhecera na Terra, e todas as suas existências
anteriores se lhe desenham na memória, com a lembrança de todo bem e de todo
mal que fez.” (Allan Kardec, O livro dos espíritos, 158. ed., p. 24-25).
JESUS
“Seja feita a vossa vontade, assim na Terra,
como no Céu...” (Mateus, 6:10).
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